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Arquitetos: Gisele Borges Arquitetura
- Ano: 2021
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Fotografias:Pablo Gomide, Juliana Berzoini, Leon Myssior
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício residencial Casamirador Savassi, concluído em 2021, está localizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, e apresenta uma arquitetura com um projeto arrojado que se destaca na paisagem local. O edifício tem 14 lofts e 24 estúdios, e está distribuído por nove andares em uma construção localizada em um terreno estreito, com uma largura de 12,7 metros. O desafio de sua matemática volumétrica, o de respeitar as distâncias, foi um dos fatores que influenciaram decisões não óbvias, resultando em uma arquitetura criada com uma identidade própria.
A interdependência entre a estrutura do edifício e o projeto arquitetônico permitiu grande liberdade criativa, culminando no elemento mais proeminente: uma segunda pele que "veste" o edifício como uma peça de vestuário, dando-lhe características únicas. O material utilizado foi o alumínio, pintado em um tom de sépia avermelhado terroso que alude à abundância de minério em Minas Gerais.
Para obter leveza e transparência, as chapas de alumínio receberam perfurações em diferentes tamanhos, e foram feitas de forma assimétrica, porém harmônica. Este processo permite ver através delas de dentro para fora, onde as vistas da cidade são expostas através da pele. No entanto, a partir do exterior, não é possível ver o interior, garantindo privacidade ao habitante. Este elemento também tornou possível explorar uma rica gama de efeitos, desde esconder janelas menores e funcionais, até rasgar a pele para expor os grandes vãos. Concebidas como aberturas generosas, estas janelas permitem que a cidade se torne uma extensão da casa, com luz e ventilação abundantes. As molduras de concreto das aberturas contrastam com a cor predominante oxidada.
A pele que cobre o edifício também proporciona conforto térmico às unidades. Afastada da alvenaria, proporciona sombreamento das cercas e boa ventilação através de um colchão de ar renovável. A partir dessa perspectiva, a sustentabilidade guiou grande parte das escolhas do projeto. Devido às dimensões reduzidas do terreno e ao espaço mínimo no telhado para instalação de equipamentos ou painéis fotovoltaicos, foi necessário encontrar uma solução que evitasse a entrada de calor, em detrimento de um projeto de ar condicionado.
A forma piramidal do edifício, que é o resultado do escalonamento, permitiu também alocar áreas técnicas na face externa da alvenaria, assim como na face interna da pele, garantindo um visual limpo e sem adornos.
Outro destaque do projeto diz respeito ao desafio de implantar a pirâmide no solo, tocando levemente o terreno em um único ponto. Sob a influência do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, foi criado um pilar em forma de "V", amplamente utilizado em suas obras.
Finalmente, para garantir a planicidade das fachadas, os painéis foram dobrados em todos os quatro lados, aumentando assim sua rigidez. Embora as chapas fossem perfuradas aleatoriamente, as juntas eram alinhadas e o volume era harmonioso. Vários estudos foram realizados até que o modelo final de fixação produziu um alinhamento das chapas e o ponto médio de cada piso. O estudo garantiu a otimização na estrutura secundária para fixação das placas: existem apenas três perfis horizontais por piso, e os perfis superiores e inferiores também foram combinados para fixar as placas dos pisos adjacentes.
O resultado plástico final é o fruto de um casamento entre as placas de cobertura, as armações e a estrutura. Há três elementos que se alternam nas fachadas com maior ou menor relevância da pele, garantindo uma aparência limpo e sem adornos.